Uma história presente na eternidade
A ressurreição é um fato histórico e ao mesmo tempo transcende a história. A sobriedade dos relatos da ressurreição é muito eloqüente. Sem muitas explicações dizem tudo: Cristo ressuscitou, apareceu a Pedro e aos Doze e o seu sepulcro estava vazio. Diante de testemunhas tão fiáveis e do sepulcro vazio, nós rendemos a nossa inteligência e a nossa vontade ao mistério da glória de Cristo. A ressurreição do Senhor não é absurda – a fé não é absurda para o crente –, mas diante do Mistério de Deus a inteligência encontra a sua limitação. Acreditamos por que Doze homens incultos, pescadores e simples nos disseram: “Cristo ressuscitou!Nós o vimos”. Isso pode escandalizar aqueles que não são capazes de vencer o próprio orgulho intelectual, ainda que muitas vezes o que entra em jogo não é um argumento intelectual, mas uma má disposição da vontade, o que é pior. Acreditemos com fé firme, rija e robusta. Deus não nos engana nem nos pode enganar!
Páscoa signifca “passagem”, da morte para a vida, das trevas para a luz, do pecado para a graça. Essa realidade foi expressada na Vigilia Pascal: no começo reinava uma terrível escuridão; depois vimos uma única luz, a do círio, que significa a luz de Cristo; depois todos os fiéis ficaram iluminados levando a luz de Cristo nas próprias mãos, finalmente veio a luz material. Houve uma expansão da luz: de Cristo aos cristãos, dos cristãos à toda a criação material. Jesus convida-nos a ser luz para um mundo mergulhado nas trevas do pecado.
Dizia São Josemaría Escrivá que Jesus leva o homem a sério, e quer dar-lhe a conhecer o sentido divino da sua vida de homem (cf. É Cristo que passa, 109). Desde que Cristo assumiu a nossa humanidade tudo adquiriu um novo sentido, por isso nós podemos dizer que as coisas humanas têm um valor divino. Quanto o cristão aproveita todas as coisas cotidianas para santificar-se, experimenta essa realidade. O Senhor já foi levantado no madeiro, já ressuscitou, é preciso que através dos cristãos de todos os tempos Cristo reine em todas as realidades temporais. Precisamos amar o mundo, o trabalho, as realidades humanas. Porque o mundo é bom; foi o pecado de Adão que rompeu a harmonia das coisas criadas, mas Deus Pai enviou o seu Filho Unigênito para que restabelecesse a paz (cf. É Cristo que passa, 112). O Senhor vê com um amor atuante a nossa vida, as nossas alegrias, as nossas dores, os nossos trabalhos. Jesus é o Filho de Deus que também quis ser chamado o Filho do Homem, Ele é verdadeiro Deus e verdadeiro Homem. Jesus, como Deus ensina-nos tudo o que é necessário saber sobre Deus, como Homem é o verdadeiro mestre sobre o ser humano. Ninguém conhece mais como funciona uma determinada máquina que seu inventor, ninguém conhece mais o ser humano com todas as suas funções que o seu Criador, Deus.
Maria Santíssima esperava a Santa Ressurreição com a certeza de que ela aconteceria. Maria sempre foi uma mulher de fé. O Evangelho não nos diz se ela foi ou não ao sepulcro; sabemos, no entanto, por uma antiga tradição que Jesus aparecera em primeiro lugar à sua Mãe Santíssima. Eu pelo menos não tenho dificuldade em acreditar nessa tradição, parece-me lógico! Jesus, que tinha verdadeiro amor de filho pela su mãe, desejaria dar a notícia em primeiro lugar a ela. De fato, Santo Tomás de Aquino aconselhava aos seus ouvintes que por ocasião da Páscoa felicitassem Nossa Senhora. Nós a saudamos dizendo: Rainha dos céus, alegra-te, aleluia!
Feliz Páscoa a todos!
Pároco: Pe Alessandro Almeida Colen
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