O Pastor que dá a Vida
A Liturgia do 4º Domingo da Páscoa é marcada pelo Evangelho do Bom Pastor (Jo 10, 27-30). Diz Jesus: “Minhas ovelhas escutam a minha voz, eu as conheço e elas me seguem. Eu dou-lhes a vida eterna e elas jamais se perderão. E ninguém vai arrancá-las de minha mão”.
Pastor é aquele que vai à frente do rebanho para indicar o caminho, que conduz às pastagens e às nascentes de água.
Jesus, o Bom Pastor, é digno de fé. “Meu Pai, que me deu tudo, é maior que todos e ninguém pode arrebatá-las da mão do Pai. Eu e o Pai somos um” (Jo 10, 29-30). O Evangelho do Bom Pastor nos comunica alegria, paz, serenidade. O cristão pode proclamar jubiloso: “O Senhor é meu pastor, nada me falta” (Sl 22). O maligno poderá até rodear ao derredor de nós, como alertou São Pedro (1Pd 5, 8), mas nada poderá contra aquele que Deus ama como sua ovelha predileta. Aí podemos dizer como São Paulo: “Se Deus é por nós, quem estará contra nós” (Rm 8, 31). Continua São Paulo: “E nós sabemos que Deus coopera em tudo para o bem daqueles que o amam…” (Rm 8, 28).
Quando São Pedro, no meio das primeiras perseguições aos cristãos, lhes escreveu para firmá-los na fé, recordou-lhes o que Cristo sofreu por eles: “Por suas chagas fostes curados, pois éreis como ovelhas desgarradas; mas agora retornastes ao Pastor e guarda de vossas almas” (1Pd 2, 24-25). Por isso, a Igreja inteira se enche de júbilo pela ressurreição de Jesus Cristo e pede a Deus Pai que o débil rebanho de seu Filho tenha parte na admirável vitória de seu Pastor.
Os primeiros cristãos manifestaram uma entranhada predileção pela imagem do Bom Pastor, testemunhada em inúmeras pinturas murais, relevos, desenhos em epitáfios, mosaicos e esculturas, nas catacumbas e nos mais veneráveis edifícios da Antiguidade. A Liturgia deste domingo convida-nos a meditar na misericordiosa ternura do nosso Salvador, para que reconheçamos os direitos que Ele adquiriu sobre cada um de nós com a Sua morte. É também uma boa ocasião para considerarmos na nossa oração pessoal o nosso amor pelos bons pastores que o Senhor deixou para nos guiarem e guardarem o seu Nome.
Jesus é o Bom Pastor que dá a vida pelas suas ovelhas. Existe uma terna relação pessoal entre Jesus, o Bom Pastor, e as suas ovelhas: Ele chama cada uma pelo seu nome, caminha à frente delas, e as ovelhas o seguem porque conhecem a sua voz…
Podemos ter confiança! Cristo nos garante: “Eu mesmo dou a vida para elas… E ninguém vai arrancá-las de minhas mãos…”
Peçamos ao Senhor a graça para distinguirmos a voz do Bom Pastor. Para tal, temos que ter um confronto permanente com a Sua Palavra (Bíblia); participação nos Sacramentos, onde se nos comunica a Vida que o Pastor nos oferece; constante vida de oração, onde nos faz conhecer e reconhecer a sua voz.
É pelo testemunho dos seus discípulos que Jesus continua a ser o Bom Pastor no mundo inteiro, para todos os seres humanos. Ele exerce essa função de modo especial pelos ministros ordenados, bispos, padres e diáconos. Por isso, a Igreja neste Domingo reza pelas vocações, e o Papa nos lembra que o testemunho de sacerdotes fiéis a sua missão suscita vocações na Igreja. Diz o Santo Padre, Bento XVI: “O testemunho suscita vocações. A fecundidade da proposta vocacional, de fato, depende em primeiro lugar da ação gratuita de Deus, mas, de acordo com a experiência pastoral, é favorecida também pela qualidade e riqueza do testemunho pessoal e comunitário de todos quantos já responderam ao chamado do Senhor no ministério sacerdotal e na vida consagrada. Pois o seu testemunho pode suscitar em outros o desejo de corresponder, por sua vez, com generosidade, ao apelo de Cristo”.
Continua o Papa: “Elemento fundamental e reconhecível de toda vocação ao sacerdócio e à consagração é a amizade com Cristo. Jesus vivia em constante união com o Pai… A oração é o primeiro testemunho que suscita vocações.
Outro aspecto da consagração sacerdotal e da vida religiosa é o dom total de si a Deus.
Um terceiro aspecto que não pode faltar ao caracterizar o sacerdote e a pessoa consagrada é o viver a comunhão: “Nisto conhecerão todos que sois os meus discípulos: se vos amardes uns aos outros” (Jo 13, 35).
O próprio existir dos religiosos e das religiosas fala do amor de Cristo, quando esses O seguem com plena liberdade ao Evangelho e com alegria assumem os critérios de valor e comportamento. Tornam-se “sinais de contradição” para o mundo, cuja lógica, muitas vezes, é inspirada no materialismo, no egoísmo e no individualismo.
Que este Dia Mundial de Oração pelas Vocações possa ser, mais uma vez, uma preciosa ocasião a muitos jovens para refletir sobre a própria vocação, respondendo com simplicidade, confiança e plena disponibilidade” (cf. Mensagem do Santo Padre para o 47º Dia Mundial de Oração pelas Vocações).
Pároco: Pe. Alessandro Almeida Colen
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